Vivo perto das Caldas da Rainha, terra da mítica louça das Caldas, do nascimento do Zé Povinho e da cerâmica de Bordallo Pinheiro. Devido a esta proximidade geográfica sempre senti uma ligação e um interesse por Bordallo, de conhecer o artista e a sua obra. Conhecer o Bordallo como criador gráfico, o Bordallo designer.
A família Bordallo é recheada de qualidade artística. Raphael e o seu filho são, através da sua obra gráfica, a primeira construção do designer em Portugal.
Raphael Bordallo Pinheiro nasceu em Lisboa em 1846, vindo de uma família ligada às artes, entre os quais um dos mais reconhecidos pintores portugueses, o seu irmão Columbano Bordallo Pinheiro.
Raphael é reconhecido sobretudo pela sua ligação às artes gráficas e cerâmica, contudo era um artista multifacetado, ligado às artes plásticas, ao desenho de objetos e decoração.
A sua obra reflete uma crítica à sociedade, ao quotidiano político-social da época e, passados quase 150 anos, ainda hoje as suas sátiras são atuais.
Sempre irreverente, não concluiu os seus estudos, seguiu os seus dotes artísticos de autodidata. Ponderou subsistir como artista plástico, o que o levou a concorrer a diversas exposições (ganhando alguns prémios), tendo sempre como destaque a tipologia popular e cenas de costumes.
Desde cedo que ficou presente esta sua predileção pela cena popular, quando com pouco mais de 10 anos realizou o seu primeiro desenho, baseado na cópia de uma litografia cuja representação era uma família de camponeses à beira-mar.
Isto demonstrava a forte ligação que Raphael sentia pelo homem como figura social.
O que começou como uma brincadeira para divertir os amigos, tornou-se o foco principal da sua vida e tornando-se o primeiro caricaturista português. Foi com o sucesso retumbante em “O dente da Baroneza” e o “Calcanhar de Aquiles” que percecionou que o seu futuro podia de facto passar por ali.
A litografia fez parte do seu percurso, compondo desenhos, caricaturas para capas de livros, anúncios ilustrados e almanaques. Nesta época colaborou com revistas internacionais, entre as quais, “El mundo comico” (1873-74), “Illustrated London News”, “Ilustracion Española y Americana” (1873), entre outras.
É em 1875 com “A Lanterna Mágica” que inicia uma crítica sistemática à sociedade, especialmente às instituições e governo.
Nesta publicação surge pela primeira vez o Zé Povinho, personagem carismática representativa do povo português. Nesta fase descobre o poder que um artista, caricaturista tem para mudar opiniões e ter um maior alcance pedagógico na sociedade.
Passa uma temporada no Brasil, a convite, para colaborar na revista “O Mosquito” e quando regressa a Portugal (1879) abre o seu jornal satírico “O António Maria”, aqui intervém nas caricaturas e tem em parte um papel de responsabilidade na propagação e ascensão de ideais republicanos.
A atividade de ceramista, que é talvez aquela pela qual a maior parte de nós o conhece, tem grande relevância aquando a inauguração da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha juntamente com o seu irmão Feliciano em 1884.
Nesta fase da sua vida, Raphael encontra-se desiludido com o consequente conformismo português face ao ultimato inglês, levando-o a ser ainda mais crítico nas suas caricaturas.
Surge então a criação do seu último jornal “A Paródia”. Aqui é uso habitual a aplicação na primeira página de elementos ilustrativos relacionados com a Política - a grande porca, as Finanças - o grande cão e a Economia - a galinha choca.
O seu filho Manuel Gustavo já era um dos principais ilustradores e é ele, que após a morte de seu pai Raphael, mantém vivo o semanário e as suas cerâmicas.
Manuel Gustavo, como seu pai, era um ilustrador gráfico exímio, considerado pioneiro na ilustração infantil em Portugal.
Iniciou-se no jornal “O António Maria”, colaborou na ilustração de livros técnicos, revistas e com destaque na “Ilustração Portugueza”. A par de tudo isto, foi a ele que lhe coube a responsabilidade de desenhar diversas páginas do jornal “A Paródia” enquanto Raphael dedicava grande parte do tempo à cerâmica na fábrica.
Foi n’”A Paródia” que Manuel Gustavo evidenciou as suas características gráficas, aliadas ao estilo Arte Nova com recurso a frisos trabalhados e utilização de cor.
É, igualmente, neste semanário que inovou com novas técnicas de impressão e uma publicação com introdução de mais cor que permitiu alcançar melhores vendas até ao seu término em 1907.
Tanto Raphael quanto Manuel Gustavo tiveram uma vida dedicada à ilustração, ao poder que pode emanar de uma imagem visual. As composições gráficas que imprimiam nos seus jornais satíricos tinham o cuidado da escolha dos detalhes, dos frisos à escolha tipográfica.
O jornal “A Paródia” é um exemplo de um jornal trabalhado ao pormenor gráfico aproximando-se à imagem de um cartaz. O trabalho em cada primeira página é notório de cuidado e detalhe, o lettering estilizado é uma característica das publicações periódicas desenhadas por Bordallo, evidenciando o seu poder ilustrativo e gráfico.
Este artigo foi escrito pela nossa designer gráfica Tânia Forreta @MD3 STUDIO.
A Tânia é designer gráfica e uma das criativas do estúdio. Gosta de partilhar mirabolantes sobre o design e as críticas sobre o mesmo. Tem uma particularidade de dar origem a frases marcantes e particulares do estúdio, como a tão dita – “Às vezes sabe bem!”.
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